As doenças ocupacionais, segundo a Organização Mundial da Saúde, são problemas de saúde decorrentes da exposição a fatores de risco da atividade do trabalho. Podem ocorrer devido à falta ou uso inadequado de equipamentos de proteção individual (EPIs), condições precárias no ambiente ou insalubridade.
Dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, apontam que em 2019 foram registrados 193,6 mil afastamentos relacionados a doenças ou acidentes de trabalho. Diante disso, a prevenção deve ser uma das prioridades nas empresas.
É necessário que a empresa conheça quais são as doenças ocupacionais mais comuns, pois só assim é possível definir quais são as ações necessárias para a prevenção. Isso é importante tanto para a empresa quanto para garantir o bem-estar dos colaborares.
Para saber mais sobre esse assunto, preparamos um conteúdo completo aqui e abordaremos os seguintes tópicos:
– Doença profissional e doença do trabalho: qual a diferença?
– Quais são as doenças ocupacionais?
– Como prevenir as doenças ocupacionais?
– Por que as empresas precisam trabalhar com a prevenção?
Doença profissional e doença do trabalho: qual a diferença?
Conforme já foi dito no início deste artigo, as doenças ocupacionais são aquelas relacionadas à atividade desenvolvida pelo trabalhador e às condições de trabalho nas quais ele está inserido.
Segundo a Lei nº 8.213/91, o termo doenças ocupacionais é mais genérico e é usado para designar as doenças profissionais e as doenças do trabalho.
Estes dois termos parecem ser sinônimos, porém o artigo 20 da Lei nº 8.213/91 diferencia os dois tipos de doenças em razão do agente causador de cada uma delas.
Doença profissional é aquela adquirida pela realização de determinado trabalho. Pode ser desencadeada em decorrência da exposição contínua a agentes de risco físicos, químicos ou outros.
Um exemplo de doença profissional é a LER (lesão por esforço repetitivo), que pode acontecer com quem trabalha o dia todo no computador, como um digitador. Nesse caso o esforço contínuo é inerente à função e a doença acontece em razão da atividade exercida.
Já a doença do trabalho é aquela que é adquirida em função de condições especiais em que o trabalho é realizado, relacionando-se diretamente com as suas funções.
Pode advir do ambiente em que é exercida a atividade ou da maneira como é realizada. Ou seja, embora seja desencadeada em função do exercício do trabalho, não está relacionada especificamente ao cargo ou profissão.
O artigo 20 ainda traz a relação do que não é considerado como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Quais são as doenças ocupacionais?
A seguir você conhecerá quais são as doenças ocupacionais, suas características, como elas são desencadeadas e como preveni-las.
LER e DORT
Estas são as duas doenças ocupacionais mais frequentes entre os trabalhadores brasileiros. A LER (Lesão por Esforços Repetitivos) e a DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) são causadas pela repetição de movimentos ou contínua postura inadequada na realização da atividade.
Na verdade, a LER não é uma doença por si só, mas sim uma síndrome que inclui um grupo de doenças que afetam o sistema musculoesquelético, como músculos, nervos e tendões.
Os distúrbios mais frequentes são as tendinites (ombro, cotovelo e punho), as lombalgias (dores na região lombar) e as mialgias (dores musculares) em diversos locais do corpo.
Muitas vezes, a LER e a DORT podem passar despercebidas, devido a sua lenta progressão. Assim, acabam sendo diagnosticadas quando estão em estágio avançado, quando afeta a capacidade do indivíduo para o trabalho, podendo causar aposentadoria por invalidez.
A prevenção passa por cuidados com a ergonomia das atividades, pausas para descanso durante o trabalho e a prática da ginástica laboral.
Asma ocupacional
A asma ocupacional se caracteriza pelo estreitamento das vias respiratórias causado pela inalação de partículas ou vapores relacionados à rotina de trabalho. Estas partículas atuam como irritantes ou podem causar uma reação alérgica.
Os principais sintomas são falta de ar, sensação de pressão no peito, respiração bastante ruidosa e tosse. Em fase inicial pode apresentar sintomas parecidos com a gripe, como coriza, espirro e olhos lacrimejantes.
É uma doença comum em atividades que envolvem a manipulação de algodão, madeira, borracha, entre outros materiais. A prevenção deve ser feita com o uso dos EPIs adequados.
Antracose pulmonar
Esta doença também afeta o trato respiratório dos trabalhadores, porém é mais grave que a asma ocupacional.
A antracnose pulmonar é desencadeada devido à inalação constante de pequenas partículas de carvão ou de poeira, que se alojam ao longo do sistema respiratório, principalmente nos pulmões.
Para prevenir esta doença, é indispensável o uso correto dos equipamentos de proteção individual.
Dermatose ocupacional
A dermatose ocupacional se caracteriza por qualquer alteração da pele ou mucosa do trabalhador, causada por contato direto com algum agente nocivo usado na atividade ou presente no ambiente profissional.
Estas alterações podem ser provocadas por contato com produtos químicos, como graxas, óleos mecânicos, entre outros. A dermatose ocupacional pode ser uma dermatite de contato, úlcera, infecção ou câncer.
A utilização contínua dos EPIs adequados para cada atividade é essencial para prevenir esta doença.
Perda auditiva (temporária ou definitiva)
Esta é uma doença do trabalho comum no Brasil e é desencadeada pela exposição do trabalhador a ruídos constantes. É comum entre os operários da construção civil, trabalhadores de salão de beleza e outros trabalhadores da indústria.
Para prevenir, além do uso correto de EPIs, é importante que os trabalhadores expostos a ruídos passem por exames preventivos periódicos. Este acompanhamento é importante para evitar um dano irreversível.
Problemas na coluna
Manter uma postura inadequada para a realização das atividades laborais pode resultar em problemas na coluna.
Por isso é importante orientar os trabalhadores sobre a maneira correta de realizar suas atividades. Além disso, a empresa deve proporcionar um ambiente com a ergonomia adequada e pode oferecer, também, a prática da ginástica laboral.
Problemas de visão
Em alguns ambientes de trabalho, os olhos correm o risco de serem atingidos por algum agente externo.
Para evitar esses riscos é indispensável usar óculos de proteção. Assim evita lesões oculares ou queimaduras, que podem levar até à cegueira.
Contaminações e intoxicações
Profissionais que trabalham diretamente com produtos químicos estão expostos aos riscos de contaminações e intoxicações.
A prevenção inclui a informação sobre os riscos e formas de prevenção, bem como a utilização de EPIs adequados à atividade.
Como prevenir as doenças ocupacionais?
A prevenção é o melhor caminho para evitar as doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Para isso, a empresa pode adotar uma série de medidas:
– Manter os colaboradores informados sobre os riscos físicos e ambientais;
– Reforçar a importância do uso de EPIs;
– Realizar exames periódicos;
– Promover a ginástica laboral;
– Padronizar fluxos e processos;
– Promover capacitação contínua dos colaboradores;
– Incentivar a adoção de hábitos saudáveis.
Por que as empresas precisam trabalhar com a prevenção?
Como já falamos acima, a prevenção ajuda a reduzir o número de acidentes e doenças do trabalho. Com isso, o resultado são diversos benefícios tanto para a empresa quanto para os colaboradores.
Ao realizar ações em prol da prevenção, os resultados são:
– A queda dos índices de afastamento e de licenças;
– Redução de custos e aumento da produtividade;
– Melhoria da qualidade de vida e bem-estar dos colaboradores;
– Promoção de um ambiente seguro e acolhedor. Para que a prevenção seja eficaz, é importante que sejam realizadas campanhas informativas e de conscientização periodicamente. Assim, todos compreendem o seu papel no processo de promover e contribuir para o bem-estar e a qualidade do ambiente de trabalho para todos na empresa.